O Brasil, a Indonésia e o Congo assinaram nesta segunda-feira (14) um acordo trilateral que oficializa a criação da “Aliança das Florestas”, que busca aprofundar a cooperação na agenda ambiental e a proteção de florestas tropicais. Na prática, a nova aliança deve trabalhar para que sejam efetivados mecanismos para o pagamento de países e empresas a países e Estados que possuem resultados de redução do desmatamento e proteção das florestas.
Juntos, os três países detêm 52% das florestas tropicais nativas do mundo, sendo, portanto, países definidos por especialistas como cruciais na questão de crise climática, principal tema da 27a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 27, realizada na cidade de Sharm el-Sheikh.
Presente na COP 27, o Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, destacou em entrevista ao Grupo O Liberal a iniciativa como um marco para avançar na definição de valores e regulação do mercado de carbono.
"É um acordo entre o Congo, Indonésia e Brasil, que são detentores das principais florestas tropicais do mundo. Esse acordo prevê várias ações na direção da proteção dessas áreas de florestas nativas, mas também incentivar critérios para valorizar essas áreas. Nós precisamos monetizar essas áreas, que tem que ter valor econômico. O Brasil é vanguarda nesse tema. Na última reunião do G20 eu tive a oportunidade de conversar com o Ministério do Meio Ambiente da Indonésia e teve bastante interesse em acelerar esse processo e levar esse marco das florestas nativas que nós fizemos no Brasil", disse.
Segundo o Ministro, essa é uma das iniciativas que vêm sendo tratadas pelo Brasil e agora irá atuar de forma articulada com os outros dois países. "São várias ações, que começaram lá em 2019, e hoje nós temos aí o crédito de carbono de floresta nativa, além do ativo ambiental. É o que desenhamos e vamos transferir essa tecnologia, essa política pública que nós, do governo federal, construímos com os estados - agora para os países como Indonésia e Congo - e garantir que a gente tenha critérios mínimos e consiga valorizar essas áreas e remunerar quem cuida delas", argumentou Joaquim Leite.
Ainda de acordo com o ministro, os Estados da Amazônia deverão ser os mais beneficiados com a iniciativa. "A Amazônia tem um grande benefício que é o crédito de carbono de floresta nativa, que os outros biomas tem menos, mas a Amazônia, especificamente, vai se beneficiar desse mercado. Nós criamos ano passado para o mercado global, para esse ano o mercado regulado e, com certeza, a Amazônia vai aproveitar essa oportunidade de fazer com que uma floresta em pé tenha valor econômico, seja reconhecido e remunerado", destacou.