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Mercado de Carbono

Governadores defendem compensação pela preservação da Amazônia

Na COP 27, cinco dos nove governadores da Amazônia brasileira defendem a floresta em pé como ativo econômico que seja revertido em benefício da população

Daniel Nardin

Direto de Sharm El-Sheikh, Egito

14/11/2022

Cinco dos nove governadores que compõem o Consórcio Interestadual da Amazônia Legal já estão participando das programações da 27a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 27. Na manhã desta segunda-feira (14), os governadores do Pará, Helder Barbalho; do Acre, Gladson Cameli; de Tocantins, Wanderlei Barbosa; do Mato Grosso, Mauro Mendes e Marcos Rocha, de Rondônia, participaram do painel “Financiamento climático: o papel da cooperação internacional para o desenvolvimento de baixas emissões na Amazônia” e, em seguida, realizaram breve coletiva com a imprensa.

O governador do Pará, Helder Barbalho, foi designado para representar o atual presidente do Consórcio, governador Waldez Goes, que não virá ao evento. Em sua primeira fala na conferência, Helder destacou a necessidade de maior celeridade e avanços para que, efetivamente, se tenha maior regulamentação para que os Estados e proprietários de áreas que preservam possam receber compensação pelo serviço ambiental, por meio do mercado de carbono.

“Estive nas últimas conferências da ONU sobre o clima e as discussões mostram que o desafio ambiental do mundo, frente às mudanças climáticas, é cada vez maior. O que se discutiu em Madrid (COP 25) não é mais o que se discute aqui, no Egito, na COP 27. Já se diz que zerar emissões não é mais suficiente, que precisamos, agora, compensar mais, além de zerar. Mas, não estamos conseguindo avançar com a mesma energia para acelerar na regulação do mercado de carbono, para que a floresta em pé e viva seja mais valorizada e monetizada, que seja, de fato, uma commodity com preço e que aqueles que têm, como a Amazônia, possam receber por isso”, destacou.

Bioeconomia - Helder afirmou que, durante a COP, o Pará irá apresentar o plano estadual de bioeconomia, o sistema de REDD +, e avançar na questão legal e jurídica para que possa ser valorado o trabalho realizado de sequestro de carbono. “Temos áreas que já foram antropizadas, alteradas pelo homem, e que precisamos mudar para um sistema de uso mais intensivo, para aumentar a produção nesses espaços sem avançar na floresta. E, onde temos floresta em pé, trabalhar de maneira firme para preservar e garantir a devida compensação por isso”, disse.

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Respeito - Para o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, o posicionamento dos estados da Amazônia será de exigir mais respeito e não olhar o morador da Amazônia como vilão. “Existe um processo de mudança do clima que está acontecendo. Baixo carbono é a palavra de ordem e falar da Amazônia é muito fácil, mas essa questão precisa ser levada mais a sério. Mais do que a verba de outros países, o que queremos é respeito. Hoje o Mato Grosso preserva mais de 60% do seu território e é o maior produtor de alimentos do país. Queremos grandes recursos e não migalhas. Temos sim que ajudar a salvar o planeta, mas o mundo tem que compreender que também produzimos alimento e podemos salvar o mundo de uma pandemia de fome, causada pela falta de alimento”, disse.

O mesmo tom foi adotado pelo governador Marcos Rocha, de Rondônia. "Estamos aqui para reafirmar nosso compromisso com o meio ambiente, todas as metas serão cumpridas. Mas, também, para deixar claro que não se pode esquecer das pessoas que vivem na Amazônia e precisam trabalhar para sobreviver, com formas alternativas de produção. Estamos sim em busca de parcerias, mas aqui representando toda a população", apontou.

Falar menos, agir mais - Para o governador do Acre, Gladson Cameli, a expectativa com a COP 27 é que ela seja, de fato, a "COP da implementação", como vem sendo chamada. "Já passou da hora de falar menos e agir mais. E está na hora de compreendermos que a preocupação e o discurso sobre meio ambiente não é da esquerda e o agronegócio é algo da direita. Tem que parar essa coisa, pois estamos todos juntos e temos que unir de uma vez para garantir a preservação, mas também produzir onde se existe espaço para isso", afirmou.

Já o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, lembrou que a questão do mercado de carbono ainda é uma realidade distante, que precisa ser colocada em prática. "Sabemos que ainda é algo distante da nossa realidade, mas é em momentos assim que podemos nos aproximar para tornar algo próximo e real. Temos que nos posicionar e deixar claro que temos que ser compensados pelo verde que temos e por segurar a pressão por avançar em novas áreas para produção, já que muitos países já destruíram o que tinham. A lógica é simples, pois precisamos ter compensação em preservar uma área que poderia ser usada para a produção, mas que está ali protegida e sem ninguém mexer, mas que tem que ser paga por isso, para termos alternativas para geração de emprego e renda para a população que precisa ter vida digna", afirmou.