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Propostas para a Amazônia

Candidato à presidência Ciro Gomes diz que parte da Amazônia é controlada pelo crime

Em entrevista ao Grupo Liberal, Ciro promete combater atividades criminosas na região, como o narcotráfico, o garimpo ilegal e o contrabando de madeira

Fabrício Queiroz / Especial para O Liberal

07/09/2022

Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência da República do Brasil, disse que parte importante da Amazônia no país é território controlado por uma “holding do crime”, envolvendo narcotráfico, garimpo ilegal e contrabando de madeira. Ciro foi o segundo sabatinado na série “Propostas para a Amazônia - Rodada de Entrevistas com os candidatos à Presidência da República”, projeto capitaneado pelo Grupo Liberal, com a participação de veículos de imprensa dos demais estados da Amazônia Legal.

 Clique aqui para acessar a transcrição da entrevista

Durante a entrevista, o presidenciável também criticou os adversários diretos, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Inácio (PT), prometeu revogar medidas que facilitam acesso a armamentos e apresentou propostas para a região amazônica, caso seja eleito. O candidato iniciou o programa respondendo à pergunta do jornalista Daniel Nardin, diretor de conteúdo de O LIBERAL, que questionou sobre a conciliação entre produção econômica e conservação ambiental. “Não podemos escolher entre produzir e preservar’, afirmou o presidenciável, que considera que o país vive uma contradição, pois durante várias décadas incentivou a ocupação da região de forma intensiva e nos últimos anos implementou políticas ambientais mais restritivas, que afetaram diretamente os migrantes e representantes dos setores produtivos locais.

“Por isso que o Bolsonaro, sendo uma tragédia, acaba tendo uma prevalência, porque ele é uma resposta tosca a essa grave contradição. Eu pretendo reconciliar o Brasil. Como é que eu quero fazer isso? Primeiro, estabelecer um zoneamento econômico-ecológico, que seja decidido junto com inteligência cientifica, acadêmica e com a liderança comunitária, política e dos povos da Amazônia”, disse Ciro, esclarecendo que pretende essa abordagem com base no conhecimento dos potenciais produtivos e vocações de cada região. “Eu quero descer no território e entender o território junto com o povo brasileiro”, acrescentou.

Em outro trecho da entrevista, o candidato comentou a proposta anunciada em Belém pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de criar um Ministério dos Povos Originários, com a indicação de um representante das populações tradicionais para ocupar o cargo. “O Lula tem procurado compensar com discurso demagógico as grandes contradições do período do seu governo”, criticou Ciro Gomes que, em seguida reforçou a defesa do projeto de zoneamento econômico-ecológico.

“Seria a base a partir da qual a gente poderia pacificar essa gravíssima contradição entre o que pode e o que não pode, entre produzir e preservar, em empoderar as unidades... Hoje, os principais focos de desmatamento ilegal são em unidades de conservação. Os principais conflitos que deterioram a imagem do Brasil são, por exemplo, a notícia devastadora de que duas crianças ianomâmis foram engolidas por uma draga ilegal de mineração ilegal”, declarou ele, revelando preocupação com vulnerabilidade a que a região está exposta.

Candidato questiona medidas que facilitaram acesso a armas

O candidato Ciro Gomes avaliou que hoje parte importante da Amazônia é território controlado por uma “holding do crime”, que envolve atividades de narcotráfico, garimpo ilegal e contrabando de madeira. “É isso que nós precisamos resolver no Brasil”, frisou. Por outro lado, o candidato se posicionou de forma contrária às medidas adotadas no atual governo no sentido de flexibilizar a aquisição e o porte de armas. “Claro que eu preciso entender o Brasil como ele é, vastas extensões. Um cidadão que não pode ligar pro 190 e a polícia chegar com urgência deve ter direito de ter uma arma em casa para sua autoproteção, isso eu compreendo, isso é normal. Evidentemente, o Estado precisa fazer um esforço para garantir um ambiente de paz, de repressão ao crime, de proteção às famílias”, complementou Ciro que, no entanto, disse que quer revogar medidas que facilitaram acesso a armamentos. “A ilusão é grave de que você, cidadão armado, vai se defender. O bandido tem o fator surpresa, então, é completamente mentiroso achar que você liberar arma vai melhorar a paz pública. Nunca aconteceu isso na história do mundo. Os americanos, por exemplo, estão discutindo isso. Eu vou revogar, vou rever todo esse estatuto. O cidadão que está distante do atendimento da polícia, na sua casa, tem direito de portar uma arma, isso não tem nenhum problema”, reforço.

“Vou cortar 20% das renúncias fiscais.

Outro aspecto evidenciado pelo pedetista foi a necessidade de revisão do teto de gastos como forma de ampliar os investimentos em áreas sociais, como a saúde e a educação. “Ninguém faz almoço de graça. Eu vou ter que diminuir os impostos sobre o povo trabalhador e a classe média, os empreendedores, mas eu vou ter que dizer de onde vem o dinheiro para melhorar a saúde, a educação, a infraestrutura e fazer os investimento. Da onde? Dos supericos. Eu vou cortar 20% das renúncias fiscais, naturalmente preservar absolutamente o polo industrial de Manaus”, disse Ciro Gomes. De acordo com o candidato, seu plano de governo inclui medidas de tributação de grandes fortunas superiores a R$ 20 milhões a uma alíquota de 0,5% e atualizar a tabela de cobrança do imposto de renda. “Eu vou radicalizar uma mudança na educação. A meta aqui planejada no orçamento, com metas é transformar a educação brasileira numa das melhores do mundo em 15 anos”, afirmou Ciro Gomes, que também estendeu a proposta à área da saúde

Presidenciável destaca estratégias de crescimento sustentável

Ao longo da sabatina, jornalistas de todos os oito veículos de comunicação integrantes do pool coordenado pelo Grupo Liberal puderam fazer questionamentos ao presidenciável. Participam da transmissão, profissionais do Imirante (MA); A Crítica (AM); Diário da Amazônia (RO); Gazeta do Cerrado (TO); Gazeta Digital (MT); Roraima em Tempo (RR); Gazeta do Acre (AC); e Diário do Amapá (AP). Um dos pontos de destaque nas falas do candidato do PDT foi a necessidade aproveitar a biodiversidade em atividades produtivas para geração de emprego e renda. “A grande riqueza da Amazônia é a biodiversidade. Esse é um potencial extraordinário. E a biodiversidade só será transformada em evento econômico, em renda enriquecedora se nós fizermos o domínio biotecnológico e a extensão e difusão desse domínio na capacitação do nosso povo. Além de crédito, acesso ao mercado, marketing”, afirmou o presidenciável que também ressaltou a importância do acesso aos conhecimentos científicos produzidos pelas instituições amazônidas. “Isso (saberes tradicionais) só vai virar um vetor econômico se houver uma parceria pesada, central de um governo que atraia grandes empresas de biotecnologia do mundo para nos dar canais de comercialização, mas precisamos nós próprios desenvolver a nossa própria biotecnologia. O essencial nós temos. O saber tradicional ou o fundão da floresta está disponível para uma inteligência bem adestrada, pesquisadores bem remunerados, bem estimulados, com os tempos necessários para que esses domínios tecnológicos possam ser estendidos a produtos, a serviços”, disse que o candidato que vislumbrou o potencial da região se diferenciar em campos como a produção de fármacos, cosméticos, alimentos e biomassa.

O que é o projeto "Propostas para a Amazônia"?


A rodada de entrevistas com os candidatos à Presidência da República", capitaneado pelo Grupo Liberal em parceria com oito veículos, um de cada estado da Amazônia Legal, tem como objetivo pautar temas relacionados à região na corrida presidencial, como meio ambiente, economia, saúde, educação, telecomunicações, infraestrutura e etc.

A primeira entrevista foi com Felipe D`Ávila (Partido Novo). Todas as entrevistas começam às 12h30, com uma hora de duração, e exibição ao vivo em oliberal.com, Rádio Liberal FM e redes sociais. Saiba mais sobre a iniciativa aqui.

Confira a agenda das próximas entrevistas:

  • 08/09: Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
  • 09/09: Soraya Thronicke (União)
  • 12/09: Jair Bolsonaro (PL)
  • 13/09: Pablo Marçal (Pros)
  • 14/09: Simone Tebet (MDB)

Saiba quais são os veículos que participam do “Propostas para a Amazônia”

  • Imirante (MA); 
  • A Crítica (AM); 
  • Diário da Amazônia (RO); 
  • Gazeta do Cerrado (TO); 
  • Gazeta Digital (MT); 
  • Roraima em Tempo (RR); 
  • Gazeta do Acre (AC);
  • Diário do Amapá (AP).