Lula e os 37 ministros_ Foto: Tânia Rego - Agência Brasil.jpeg
PROTAGONISMO

Mulheres e indígenas alçados ao centro dos assuntos ambientais no Brasil

Marina Silva e Sônia Guajajara lideram pastas de grande visibilidade internacional

Eduardo Laviano

05/01/2023

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Marina Silva destacou que a emergência climática se impõe e que o governo brasileiro atuará como líder nacional e internacional nesta questão - Foto: Valter Campanato / Agência Brasil 

A diversidade tem sido uma marca registrada desde os primeiros dias do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente do Brasil. Onze dos 37 ministérios são agora chefiados por mulheres. Apesar de ainda estar longe da paridade entre gêneros, trata-se do maior número de mulheres no alto escalão do Governo Federal em toda a história.

Duas delas estarão à frente de pastas ambientais com alta projeção internacional: Marina Silva, no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e Sônia Guajajara, no recém-criado Ministério dos Povos Indígenas. Na esteira da chegada de Guajajara ao governo, os povos indígenas ganharam protagonismo inédito na formação da nova administração iniciada em 1º de janeiro de 2023. Joênia Wapichana foi indicada para presidir a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Ricardo Weibe Tapeba vai comandar a Secretaria Especial de Saúde Indígena.

Nascida no estado do Acre, Marina Silva agrega ao governo o prestígio internacional resultante da luta pela causa ambiental iniciada ainda na adolescência e que a levou ao comando do Ministério do Meio Ambiente em 2003, quando Lula presidiu o Brasil pela primeira vez. A historiadora e ambientalista permaneceu no cargo até 2008, quando rompeu com o Partido dos Trabalhadores.

Ao ser empossada, Silva afirmou que o Brasil deixará de ser um pária na pauta ambiental pelo mundo e que trabalhará para reduzir os números de queimadas e desmatamento na Amazônia, que apresentaram tendências de aumento nos últimos anos.

Veja o discurso de posse de Marina Silva

Assim como Silva, Sônia Guajajara foi eleita deputada federal por São Paulo. Considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, ela nasceu no estado do Maranhão e foi coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. 

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Joênia Wapichana e Sônia Guajajara são as primeiras indígenas a ocupar cargos de alto escalão no governo federal - Foto: Arquivo pessoal - Sônia Guajajara 

A ministra é do povo Guajajara/Tentehar, que habita nas matas da Terra Indígena Araribóia, e, nos últimos anos, levou diversas denúncias de violação aos direitos humanos em terras indígenas à Organização das Nações Unidas e ao Parlamento Europeu, além de ter sua voz frequentemente amplificada nas redes sociais com a ajuda de artistas conhecidos mundialmente, como o ator Leonardo DiCaprio e a cantora Alicia Keys.

Já a nova presidente da Funai é natural do estado de Roraima e, ao ser empossada, afirmou que o órgão foi sucateado e desmantelado pela administração anterior e que, portanto, é hora de reverter todos os danos com rapidez. Joênia Wapichana é a primeira mulher indígena a assumir a presidência da Funai em 55 anos de história. Ela também foi a primeira mulher indígena a exercer a função de advogada no Brasil e teve atuação decisiva na demarcação da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol.

Por fim, Ricardo Weibe Tapeba também é advogado e exercia função de vereador no município de Caucaia, no Ceará. O novo secretário terá como missão executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, além de gerir mais de 22 mil profissionais da saúde ligados ao órgão, sendo 52% deste total também formado por indígenas.