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CONTEÚDO DE MARCA

Aceleração de negócios de impacto fortalece nova economia na Amazônia

Investimento em empreendimentos inovadores contribui para conservação da floresta, aliado com impacto social

Fabrício Queiroz / Especial para O Liberal

15/12/2022

O mercado vem se renovando e criando propostas de empreendimentos que estão conectados às demandas de uma agenda com compromissos socioambientais. No contexto amazônico, os chamados negócios de impacto ganham cada vez mais espaço e se destacam por aliar ganhos econômicos com a valorização de práticas, saberes e culturais locais e o propósito de superação das desigualdades regionais.


Em se tratando da Amazônia, os desafios são inúmeros e envolvem, por exemplo, a conservação do bioma, as singularidades logísticas, a atração de investimentos, a valorização da cultura através de atividades tradicionais entre a população, a incorporação de estratégias disruptivas e a divulgação nos diversos mercados consumidores. Para enfrentar essas e outras questões, ações que visam a aceleração de negócios de impacto tem demonstrado sua importância como mecanismos facilitadores do desenvolvimento sustentável.


Uma grande contribuição nesse sentido vem sendo dada pelo Fundo Vale, que incorporou fomento a negócios de impacto positivo socioambiental ao planejamento da Meta Florestal 2030 da Vale. Dentro desse escopo, a mineradora assumiu um compromisso voluntário de proteger e recuperar 500 mil hectares de florestas, sendo 400 mil em áreas de proteção e 100 mil em áreas de recuperação. 


Entre essas últimas, o processo se dará sobretudo com o apoio a arranjos de negócios com impactos como a geração de emprego e renda para as populações envolvidas, o restabelecimento de uma cultura de agricultura familiar e de pequenos produtores, assim como ganhos em aspectos como o da capacidade de sequestro de carbono por meio da maior cobertura vegetal. Nesse plano, o maior foco é para o suporte a projetos de sistemas agroflorestais (SAF’s), que é uma alternativa para recuperar áreas, contribuindo para os serviços ecossistêmicos, utilizando diferentes espécies produtivas arbóreas, agrícolas e/ou espécies animais , possibilitando assim agregar conservação da biodiversidade com retorno econômico.

 

Nós alinhamos o meio ambiente com um fator intrínseco para a sustentabilidade do projeto, que é o papel do homem no ecossistema. Sistemas agroflorestais são baseados na premissa de conservação pelo uso, ou seja, geração de renda de forma sustentável, frisa Bia Marchiori, engenheira agrônoma do Fundo Vale.


Atualmente, já são cinco projetos diretamente apoiados pela Meta Florestal 2030 da Vale, que até o final de 2021 contribuíram para a recuperação de 6.178 hectares por meio de plantio. Um deles é a Belterra Agroflorestas que promove a implantação de florestas produtivas em que se associam diferentes culturas, como mandioca, cacau, açaí e banana. São mais de 1.000 hectares recuperados em diferentes tipos de contrato com produtores dos estados do Pará, Rondônia, Bahia e Minas Gerais.

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Para Bia Machiori, engenheira agrônoma do Fundo Vale, apoiar esses novos negócios é fundamental para construir uma nova economia (Divulgação / Fundo Vale)


Para Bia Marchiori, a experiência da Belterra é representativa do alinhamento ao conjunto de critérios valorizados pelo Fundo Vale, que inclui a análise dos indicadores financeiros e sustentáveis do negócio, como o potencial de escala, a geração de créditos de carbono e os impactos sociais e ambientais positivos.


“O desafio é que não existem muitos projetos ou negócios agroflorestais com a escala que se pretende atingir com a Meta Florestal 2030 da Vale. Por isso, é essencial olharmos com atenção para os gargalos e potenciais dos negócios agroflorestais investidos para que, além da implantação dos hectares, possamos fomentar e fortalecer este setor de maneira ecoeficiente. O alinhamento de produção de alimentos e matérias-primas, de modo conjunto com a conservação do solo, da água e da biodiversidade são essenciais. Daí sim, atingimos a escala e conseguiremos também ajudar a diminuir as mudanças climáticas”, acrescenta Bia Marchiori.


Além disso, o Fundo Vale apoia iniciativas como a Amaz Aceleradora de Impacto, que busca na inovação a transformação da matriz econômica da região. Projetos que envolvam agricultura e pecuária sustentáveis, manejo florestal, turismo de base comunitária, mitigação e adaptação a mudanças climáticas geração de créditos de carbono e outros produtos e serviços ambientais são alguns dos eixos valorizados nos negócios que integram o portfólio da iniciativa.

“Apoiar esses novos negócios é fundamental para construir uma nova economia. Nós não sabemos exatamente a forma que ela vai surgir, nós temos vários palpites, várias cadeias, vários territórios potenciais, mas o único jeito que nós temos de realmente construir essa economia na prática é testar, é investir muito em diversos tipos de negócios empreendedores”, afirma o diretor de novos negócios e CEO da Amaz, Mariano Cenamo, que ressalta que o que se pretende é construir as bases de uma economia comprometida com a conservação ambiental e a redução das desigualdades sociais.


A Amaz nasceu em 2021, mas já é fruto de uma proposta bem sucedida na área de negócios de impacto, o programa de aceleração Parceiros pela Amazônia (PPA). Em uma espécie de spin-off do PPA, a aceleradora herdou os 12 negócios apoiados desde 2018 e deve chegar até 2025 com um total de 30 projetos beneficiados com um aporte de R$ 25 milhões.


De acordo com Cenamo, a proposta tem como três grandes diferenciais em relação a outras experiências. O primeiro é a alocação inicial de R$ 200 mil para os selecionados, o que permite que os empreendimentos possam investir e se dedicar às mentorias, treinamentos, capacitações, imersões e outras atividades. Em segundo lugar, a Amaz cria jornadas de aceleração que se adequam às diferentes necessidades dos projetos. E, por fim, há ainda o envolvimento da equipe técnica do programa no dia a dia e na solução dos problemas enfrentados pelos empreendimentos apoiados. Com isso é possível vislumbrar benefícios que se estendem desde o curto prazo, com o incentivo a ações que favorecem as instituições de comando e controle no combate ao desmatamento, por exemplo; até o médio e longo prazo, ao criar um ambiente favorável à inovação e a proposição de alternativas para o desenvolvimento amazônico.

“É preciso realmente arriscar, testar e atrair tanto empreendedores da região e de fora para a construção dessa nova economia. Por isso é tão importante apoiar negócios, principalmente aqueles que estão buscando inovar com seu modelo de ofertar um produto ou serviço para a sociedade e que tenham propósito resolver problemas sociais e ambientais urgentes na região amazônica”, frisa Mariano Cenamo.

“Apoiar esses novos negócios é fundamental para construir uma nova economia. Nós não sabemos exatamente a forma que ela vai surgir, nós temos vários palpites, várias cadeias, vários territórios potenciais, mas o único jeito que nós temos de realmente construir essa economia na prática é testar, é investir muito em diversos tipos de negócios empreendedores”, afirma o CEO, que ressalta que o que se pretende é construir as bases de uma economia comprometida com a conservação ambiental e a redução das desigualdades sociais. 

“É preciso realmente arriscar, testar e atrair tanto empreendedores da região e de fora para a construção dessa nova economia. Por isso é tão importante apoiar negócios, principalmente aqueles que estão buscando inovar com seu modelo de ofertar um produto ou serviço para a sociedade e que tenham propósito resolver problemas sociais e ambientais urgentes na região amazônica”, frisa Mariano Cenamo.

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Meta Florestal 2030 da Vale já apoia diretamente cinco projetos, entre os quais a Belterra Agroflorestas (Divulgação / Arquivo Belterra)

Na mesma linha, a proposta do Movimento Amazônia em Casa, Floresta em Pé surge para fortalecer os negócios sustentáveis da região, com foco especial para aqueles que comercializam produtos da sociobiodiversidade local. A principal linha de atuação é o programa de acesso ao mercado, que combina capacitações, divulgação em feiras e eventos com a construção de alternativas para a logística e a comercialização, enfrentando assim grandes gargalos que restringem o acesso aos produtos da Amazônia e limitam sua competitividade no cenário nacional e global.

“Sendo a Bioeconomia um ramo em construção são diversos os desafios presentes que englobam desde a estruturação de todo o ecossistema de inovação, pesquisa, desenvolvimento de produtos e acesso a mercado para o desenvolvimento e aprimoramento destes produtos. Muitos deles precisam aprimorar sua comunicação, como embalagens, narrativas de impacto, avaliação de valores nutricionais. Também existem muitos desafios logísticos dadas as dimensões continentais da Amazônia e as infraestruturas inapropriadas para pequenos empreendedores”, contextualiza Floriana Breyer, coordenadora de parcerias estratégias do Movimento.

Na prática, a estrutura do Amazônia em Casa, Floresta em Pé viabiliza que os 33 negócios selecionados possam ser comercializados em grandes plataformas como o Mercado Livre, Locale, Soulog e outras que hoje levam aos consumidores uma variedade de produtos alimentícios, artesanato e óleos vegetais oriundos das principais cadeias da sociobiodiversidade da região.

Para Floriana Breyer, uma experiência como essa é capaz de demonstrar a potencialidade que a economia nacional tem para trilhar novos caminhos. 

“Os benefícios são diversos, podem mudar o rumo do modelo de desenvolvimento do país criando e fortalecendo novas cadeias produtivas baseadas em ativos da floresta e mantendo ela em pé, ao invés de seguir a linha de fornecimento de matéria prima de comodities e assim evitando desmatamento, emissões de carbono, gerando empregos na região e mantendo as populações locais em seus territórios de origem”, pontua a coordenadora.