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VACINAÇÃO

Amapá é o único estado da Amazônia a atingir meta de vacinação contra pólio

No Brasil, além do Amapá, só a Paraíba, na região nordeste, conseguiu vacinar acima de 95% da população-alvo

Alice Martins

04/11/2022

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Amapá conseguiu vacinar 99% da população-alvo - Foto: Ascom/Superintendência de Vigilância em Saúde AP

Em todo o país, as secretarias de saúde estão atuando arduamente para chegar à meta de vacinação contra a poliomielite, de atingir 95% do público-alvo. Mas, até 31 de outubro, apenas dois estados brasileiros conseguiram alcançar a marca: Paraíba (100%), no nordeste, e Amapá (99%), na região Norte. Dos nove estados que compõem a Amazônia Legal, o Amapá tem uma diferença expressiva dos demais, sendo seguido do Maranhão, com 76,13%. O que explica o sucesso desses dois estados?

Segundo Angélica Oliveira, coordenadora da Unidade de Imunobiológicos do Amapá, o resultado não é coincidência. O Amapá e a Paraíba foram os estados escolhidos para o plano-piloto do  “Projeto pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais”, uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Lançado em 2021, o projeto busca integrar três eixos para alcançar maiores coberturas vacinais. O primeiro é a colaboração com gestores, especialistas e profissionais da saúde para qualificar equipes, melhorar a infraestrutura das salas de vacina e garantir que toda a população tenha acesso às vacinas e seja vacinada. O segundo é avaliar e aprimorar os sistemas de informação sobre imunização e o terceiro é focar na comunicação e educação, para que a população e profissionais tenham mais clareza da importância de se vacinar.

O projeto também visa articular uma rede permanente de parceiros, inclusive do setor privado, para angariar recursos financeiros e humanos para as ações. “Nesta campanha mostramos que a estratégia tem dado certo e a principal lição aprendida é que não podemos trabalhar sozinhos na Saúde, precisamos de parcerias”, ressalta Angélica Oliveira.  Segundo a coordenadora, em cada município do estado foi criada uma rede de apoio, incluindo o Ministério Público e as Secretarias de Educação, para promover ações que eram mais comuns no passado, como a vacinação nas escolas e nas creches.

“É verdade que a população não está mais vendo essas doenças da forma como eram antes e deixou de dar prioridade à vacinação, mas aqui no estado não tivemos resistência. Vimos que o importante era facilitar o acesso. Quem não estava com o calendário em dia não era porque não queria, era porque não tinha tempo de se deslocar à Unidade de Saúde nos horários disponíveis”, constata Oliveira.

Desafios - Mesmo que a média do estado tenha ultrapassado a meta de 95%, ainda há um município do Amapá que não conseguiu a taxa desejada: Itaubal, que está com 66,73% de crianças imunizadas. “Nós encontramos falhas da Estratégia de Saúde da Família, que não fez a busca ativa, a visita na comunidade para identificar quem não tinha se vacinado e existem locais de difícil acesso que demanda um certo recurso que o município não tinha disponível, para disponibilizar embarcações e levar as equipes até as casas ribeirinhas”, informa a coordenadora.

O desafio de chegar até cada morador é o que, segundo Oliveira, mais se sobressai quando se fala de vacinação no estado. “Chegar a essas comunidades tem um custo muito alto, principalmente quando são vacinas multidoses, porque precisa ficar voltando para cada local várias vezes e cada ida é um custo a mais. Por isso é tão necessário o diálogo com o estado e demais parceiros. A Força Aérea Brasileira, por exemplo, envia uma vez ao ano um helicóptero para acessar áreas que não se tem acesso nem fluvial nem terrestre”, destaca.

Poliomielite - Conhecida como “paralisia infantil” ou simplesmente “pólio”, a poliomielite é transmitida por vírus e afeta, principalmente, crianças com menos de cinco anos de idade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 200 infecções leva a uma paralisia irreversível, geralmente das pernas. Devido à vacinação massiva, desde 1994 o país recebeu e mantém o certificado de erradicação da doença, emitido pela OMS.

Na média nacional, apenas 72,57% das crianças de 6 meses a 4 anos foram imunizadas no país, durante a campanha deste ano, até 31 de outubro. De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério da Saúde, esses dados são preliminares, pois os estados e municípios têm meses após o final da campanha para enviar os dados atualizados ao Ministério.