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CONTEÚDO DE MARCA

Parcerias alavancam desenvolvimento sustentável na Amazônia

Estratégia de arranjos multissetoriais congrega esforços em prol da conservação do bioma e de benefícios socioeconômicos.

Fabrício Queiroz / Especial para O Liberal

19/07/2022

O fomento e a promoção de soluções inovadoras para o desenvolvimento sustentável têm o status de aspectos estratégicos para a Amazônia. Não à toa, o incentivo a projetos e programas que oferecem alternativas a essa questão se tornaram o eixo de trabalho de muitas organizações. Porém, a atuação individualizada de uma instituição vem dando cada vez mais espaço a redes estabelecidas por meio de parcerias entre atores do setor privado, entidades da sociedade civil e poder público, que desempenham um grande protagonismo no debate e na implementação prática de ações que apontam para novas perspectivas para a região.

É o que se chama de arranjos multistakeholders ou governança multissetorial. Trata-se de uma forma de gestão centrada na solução de problemas, tendo como foco a identificação e a implementação de ações compartilhadas pelos atores afetados ou com capacidade de influenciar (stakeholders) os rumos de uma questão. Um dos princípios que norteia o multissetorialismo é justamente o compromisso coletivo com uma determinada causa, em que pesa o debate democrático e a busca consensual por formas de atuação.

Nesse sentido, a promoção de iniciativas que favoreçam o desenvolvimento econômico integrado à proteção do bioma se tornou uma questão estratégica para muitas redes multissetoriais. O Fundo Vale, por exemplo, já atua há 12 anos no campo do fomento a projetos estruturantes e negócios de impacto que tenham como eixo os componentes de sustentabilidade em seus aspectos econômico, social e ambiental, especialmente em regiões sob forte pressão, como a Amazônia.

De acordo com Patrícia Daros, diretora de Operações do Fundo Vale, é preciso promover um ambiente sustentável que proteja a floresta e melhore a vida das pessoas para que o desenvolvimento sustentável se fortaleça, é necessário criar um ambiente empreendedor mais promissor, em que as populações tenham acesso a recursos financeiros que possam ser aplicados na gestão do empreendimento, no mercado, no marketing, bem como em favor do capital social e humano e da produção de conhecimento.

 

“Acreditamos que uma economia mais justa e sustentável é questão estruturante para termos uma Amazônia mais sustentável. Oferecer uma alternativa de renda menos predatória, ajuda a proteger a floresta, a recuperar áreas degradadas e melhorar a vida das pessoas. Por isso, temos focado nessa componente econômica em nossas iniciativas, como alavanca para o progresso social e conservação ambiental”, afirma.

Patrícia Daros
Patrícia Daros, diretora de Operações do Fundo Vale, afirma que um ambiente sustentável protege a floresta e melhora a vida das pessoas

Desde 2010, o Fundo Vale já apoiou 90 projetos e 236 negócios de impacto socioambiental positivo em diferentes regiões, mas prioritariamente na Amazônia, além de ter investido mais de R$ 212 milhões até 2021. Entre as iniciativas locais beneficiadas estão: a AMAZ Aceleradora de Impacto, parceria com o Idesam cujo foco é o investimento em negócios que mantenham a floresta em pé; a Jornada Amazônia, desenvolvida pela Fundação Certi, com o objetivo de impulsionar o ecossistema de inovação e negócios de impacto positivo na Amazônia; e a Linha de Crédito Emergencial do Fundo CX, voltada ao suporte a cooperativas e associações da agricultura familiar e do extrativismo afetadas pandemia de covid-19.

O Fundo Vale tem trabalhado também com o incentivo a propostas alinhadas com o conceito “Carbono de Impacto”, isto é, negócios estruturados para o mercado de créditos de carbono florestal, uma tendência global em que a Amazônia pode desempenhar um papel de referência. “A Amazônia tem um papel muito relevante neste contexto, tanto pelo seu contínuo de floresta e biodiversidade, como pelas áreas que já estão desmatadas, mas podem ser recuperadas. Mas para fazer mais sentido, precisamos envolver e beneficiar os 38 milhões de habitantes que lá vivem, especialmente os que ajudam a manter a floresta em pé”, pontua Patrícia Daros.

Esses e outros projetos têm sua implementação, execução e resultados observados atentamente por ferramentas de gestão e mensuração de impacto, com análise de indicadores e metas alcançadas. E em tudo isso se sobressai ainda o alinhamento com os objetivos comuns que aproximam o Fundo Vale de outras instituições. “Temos participado de arranjos multistakeholders para entender quem atua com quais temas no bioma, seus pontos de vistas e com quais temos sinergia para construção de parcerias” diz a diretora de Operações, ressaltando a importância da construção de projetos de forma participativa.

Uma dessas plataformas multissetoriais é a Parceiros pela Amazônia (PPA), uma organização em rede que reúne 50 empresas de vários portes, organizações da sociedade civil e grupos internacionais em torno da alavancagem de investimentos sociais e ambientais para enfrentar os desafios amazônicos, em especial os relacionados ao empoderamento das populações da floresta e à conservação da biodiversidade.

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Augusto Corrêa, secretário executivo da PPA, destaca a participação das comunidades.

“O primeiro visa fortalecer o potencial de participação daqueles que já habitam os territórios, observando a garantia de seus direitos e promovendo oportunidades de capacitação, aprendizado e inclusão. O segundo tem por intuito manter a reserva de recursos resiliente, para que possa ser utilizada por tempo indeterminado e que traga maior valor agregado para a produção da floresta”, diz Augusto Corrêa, secretário executivo da PPA.

A estratégia de atuação se dá em torno de grupos temáticos sobre empreendedorismo, bioeconomia, mercados e territórios. Nesses espaços diferentes atores da sociedade participam para discutir e pensar programas e projetos para a Amazônia. Hoje, são 10 iniciativas apoiadas pela PPA nessas áreas, gerando impactos diretos para o desenvolvimento local e para o fortalecimento de negócios de impacto.

“Ao se unir esforços, conhecimentos e recursos é possível gerar oportunidades mais resilientes, de longo prazo e completamente coerentes com as necessidades do território. A PPA estimula a criação de parcerias como sua estratégia principal, admitindo que a soma é também capaz de multiplicar”, destaca Augusto Corrêa.

No mesmo sentido, Renata Piazzon, diretora do Instituto Arapyaú e secretária executiva da Concertação pela Amazônia, acredita que é com a união de esforços, setores e recursos que é possível criar um modelo disruptivo de desenvolvimento para a região, em que se valorize toda sua complexidade com seus diferentes biomas, paisagens e modos de uso e ocupação dos territórios.

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Divulgação / PPA

“Há inúmeras iniciativas voltadas ao território, o que faltava era uma grande Concertação, no sentido de orquestrar, harmonizar, criando um espaço democrático para que as dezenas de iniciativas em defesa da Amazônia pudessem se encontrar, dialogar, aumentar o impacto de suas ações e gerar novas propostas e projetos em prol da floresta e das populações que vivem na região”, avalia Renata Piazzon, pontuando a participação de mais de 500 agentes neste trabalho, entre representantes da academia, setor privado, lideranças empresariais, governo, comunidades locais, instituições filantrópicas e sociedade civil.

Visando dar mais visibilidade às soluções discutidas e implementadas pela rede, a Concertação pela Amazônia prepara neste ano um conjunto de propostas para o desenvolvimento sustentável da região que vão se materializar em uma agenda de ações que possam ser adotadas pelos representantes eleitos nas novas gestões e legislaturas.

“A ideia é construir uma agenda integrada de desenvolvimento para a região que considere a Amazônia como solução e traga o olhar de desenvolvimento além da lente ambiental. Com o documento em mãos após o resultado das eleições, a Concertação irá dialogar com o governo de transição para a sua implementação. São propostas factíveis, capazes de serem implementadas nos 100 primeiros dias pelo governo eleito”, afirma Piazzon.

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Divulgação / PPA

Ações como essa estão alinhadas à Teoria da Mudança do Fundo Vale 2030, um documento que orienta a atuação da instituição no sentido de contribuir para a promoção de novas alternativas econômicas e de conservação do bioma. Algumas metas incluem: o fomento a cadeias de valor de produtos e serviços socioambientais, mitigação e adaptação às mudanças climáticas, incremento da estratégia de neutralidade do carbono, proteção e combate ao desmatamento ilegal e apoio à bioeconomia.

“Nesse documento declaramos que nosso território prioritário de atuação é a Amazônia, e reforçamos nossa missão de Impulsionar soluções de impacto socioambiental positivo que fortaleçam uma economia sustentável, justa e inclusiva”, conclui Patrícia Daros, esclarecendo que todos os princípios, impactos e resultados previstos pela Teoria devem estar conectados à prática do Fundo e seus parceiros.